1 Ano de Felicidades

Um ano, 365 dias... parece pouco tempo, parece que foi ontem! Mas um feito que dura eternamente. Há exato 1 ano que o Inter se apoderava das Américas! Um dia que merece ser lembrado, um dia que poderia ser feriado estadual, quiçá nacional, porque não?

Apesar de ter sido um dia de alegria, o 16 de agosto de 2006 foi um dia também de muita tensão para mim. Não consegui dormir direito no dia anterior, só conseguia pensar na decisão que teríamos logo mais a noite, inédita para mim, mas não para esse clube vitorioso que é o Inter (que já conhecia uma decisão de Libertadores desde 1980). Acordei pensando no jogo, fui para a UFSC pensando no jogo. Naquele dia, eu tive uma aula interessante de Zoologia de Vertebrados. O professor passou um vídeo sobre a vida social dos gorilas. Primatologia é uma das áreas da Biologia que eu eu mais gosto (depois da Ornitologia, é claro). Mas não consegui absorver quase nada do vídeo, pois a decisão contra o São Paulo não me saía da cabeça.

Saí da aula quando já era noite e cheguei em casa faltando duas horas para o jogo. No caminho, vinha ouvindo som no meu i-pod, como de costume. Mas nem a música, que normalmente me ajuda a aliviar o stress, conseguia me acalmar. Fazia um dia frio e chuvoso em Florianópolis, mas a tensão me deixava com um calor intenso. A medida que eu me aproximava de casa, meu coração começava a bater mais rápido. Aliás, cheguei à conclusão que eu não tenho um coração, e sim um distintivo vermelho com as letras "S", "C" e "I" entrelaçadas, pois cada vez que penso no Inter ou acompanho um jogo do colorado, sinto uma palpitação mais forte no peito.

Os colorados que me conhecem me perguntavam o porquê de eu não ter ido assistir àquela final. Qualquer outro torcedor daria tudo para ver o Inter sendo campeão ao vivo. Mas eu sou supersticioso, depois de ver o Inter perder ao vivo vários títulos, desta vez eu optei por não ir, para não "atrapalhar" o time. Aliás, apesar de ficar com vontade de acomapanhar de perto a saga colorada na Libertadores, eu preferi ouvir todos os jogos, do primeiro ao último, pela voz de Haroldo de Souza na rádio Guaíba. Nem na TV eu acompanhei, pois não agüentava ter que ouvir a narração e comentários parciais do Clbéber Machado e do Casagrande. Acho que a narração do Haroldo deixou mais a decisão mais emocionante e dramática.

Pois bem, quando começou a partida, minhas pernas tremiam de tão nervoso que estava. O Inter estava jogando muito bem, mas a bola teimava em não entrar. Quando saiu o gol do Fernandão, quase não acreditei. Com os 2 a 1 obtidos no Morumbi lotado, na partida anterior, e mais esse gol, o Inter ganhava o título com facilidade. Mas... como nada é fácil na vida dos colorados (à exceção do título da Recopa, que foi o primeiro que vi o Inter ganhar amassando seu adversário), o São Paulo empatou logo no começo do segundo tempo. Minha confiança começou a ir pro beleléu...

Eis que surge aquele que era, juntamente com o "Saci" Rentería, meu maior ídolo no grupo. O destino foi generoso com Tinga. Tinha que ser justo ele, que sofreu aquele pênalti escandaloso não marcado pela desgraça do Márcio Rezende de Freitas no Brasileirão de 2005, a ser o autor do gol do titulo. Mas logo em seguida, anunciaram que ele acabou sendo expulso, injustamente por sinal, e eu gelei.

A vitória ainda era do Inter. Era... até o São Paulo empatar outra vez. Aí eu não agüentei e desabei no choro. Faltavam só 5 minutos para acabar, mas havia o medo de ver o time fracassar outra vez e entregar o ouro como em 89 (por coincidência, nosso técnico na ocasião era o medo). Minha agonia só acabou quando eu ouvi o "Terminou! O Inter é campeão!!!"... Eu faria qualquer coisa para voltar no tempo, para reviver este momento que ficou eternizado na minha memória.

A partida acabou quase que de madrugada, devido algumas paralisações e atrasos que ocorreram no jogo, mas eu não me contive e acordei toda a vizinhança que já dormia em Florianópolis. Depois, a primeira reação foi ligar para meu velho pai, que estava tão desiludido quanto eu nos incussessos dos anos anteriores. Meu pai também estava emocionado ao telefone, ele que sempre me conta as histórias do timaço do Inter dos anos 70.

No dia seguinte, depois de uma noite mal-dormida (mais uma), eu percorri todas as bancas (e não é nenhuma hipérbole não!) em busca de uma Zero Hora que estivesse estampado o feito do Inter. Infelizmente não consegui achar, mas não me abalei com isso, pois o que importava mesmo era a vitória.

Quando a ficha realmente caiu, dias depois, é que me dei conta do feito finalmente alcançado pelo Inter. Éramos o vigésimo primeiro clube do continente americano à erguer aquele maravilhoso troféu. Estávamos entrando no seleto grupo de clubes brasileiros ganhadores de Libertadores: apenas 8 detêm o título! E o Inter era um deles... daí eu comecei a voltar mentalmente no tempo, lembrando-me o quanto eu sofria lá nos anos 90, vendo o nosso maior rival ganhando títulos com times fracos e nós numa fila quase que interminável. O quanto eu sofrei vendo o time montar times medíocres, que brigavam apenas para não ser rebaixados, o quanto eu não ouvia de piadinhas do tipo "Sabe o que um colorado faz quando ganha Libertadores? Desliga o Playstation", e por aí vai...

Enfim, tudo isso havia se acabado! E o Inter, tricampeão brasileiro e campeão da Copa do Brasil, finalmente tornava-se INTERNACIONAL!!!!!!!!